Preenche os espaços vazios, a cadeira, o lugar à mesa, o copo, o prato.
Preenche as horas do final do dia. Ocupa os segundos que teimam escapar, tempo de espera, tempo que mato.
Preenche o silêncio que adormece.
Abre a gaveta vaga, usa a toalha do par.
Ocupa a almofada do lado, substitui a noite que arrefece.
Escreve nas linhas, nas margens das folhas.
Liga o interruptor e prenche de luz tudo que olhas.
Ouve as palavras e responde às questões... segredar, murmurar. Formula respostas que tapam as fendas do caminho a pisar.
Preenche os espaços vazios da boca, do respirar, o espaço vazio das mãos.
Obriga-me a abrir a janela pela manhã.
Preenche o escuro com luz do sol e sal do mar.
Balança a minha tranquilidade e alimenta o meu acordar.
adc