setembro 17, 2007

Ensaio à volta da espera 3




... sem decisões que nos limitem, que nos definam, que nos enlacem.
Na sala de espera desfaleço aos poucos. Esforço-me por manter os olhos abertos, espero que não reparem na minha sonolência, ausência... Esforço-me por manter os ouvidos atentos, quero ouvir o meu número, o meu nome, a minha vez...
Depois, espero não ter que esperar mais, espero que não demore, espero que a notícia seja a melhor.
Constantes esperas na totalidade da vida!
Bastam nove meses de espera que já de si terão de ser bem vividos, plenamente sentidos, desejados, queridos.
Jamais se espera pelo final, nunca se espera pelos momentos de impasse, espera. Porém tudo se pode esperar!
Espera que o resultado seja o melhor possível.
Que saia a palavra mais esperta.
Aguarda que te olhem, mais uma vez.
Que toque a música certa.
Espera voltar atrás e saltar para o momento à frente.
Que o telefone toque e treme a cada onomatopeia.
Aguarda toda a gente.
Que os outros ganhem para sentir a sua alegria.
Espera pela inspiração que tem feitio próprio, de teimosia, raridade e te escorre por entre os dedos como areia.

adc

2 comentários:

Poeta Đa Lua disse...

não sei até quando esperar...
mas a espera é cheia de ânsia;
então não fico, vou...
e vou procurar...
por isso vou...

um abraço e até...

Brain disse...

ADC,

Vivi muitos episódios destes,
Num passado recente.

Demasiados eu diria.

Eram eternidades,
Só queria que terminassem.

Mas agora...
Agora se calhar...
Se calhar até nem me importava...
Nem me importava de os ter de novo.

Como tu dizes no anterior:
"...porque nem sempre aproveitamos o que a vida nos oferece."

Continua,
Apesar do que "me custa",
Estou a adorar ler,
Esta tua vertente de prosa.

Beijo.