A menina tonta passa metade do dia a namorar quem passa na rua, que a outra metade fica pra namorar-se ao espelho. A menina tonta tem olhos de retrós preto, cabelos de linha de bordar, e a boca é um pedaço de qualquer tecido vermelho. A menina tonta tem vestidos de seda e sapatos de seda, é toda fria, fria como a seda: as olheiras postiças de crepe amarrotado, as mãos viúvas entre flores emurchecidas, caídas da janela, desfolham pétalas de papel... No passeio em frente estão os namorados com os olhos cansados de esperar com os braços cansados de acenar com a boca cansada de pedir... A menina tonta tem coração sem corda a boca sem desejos os olhos sem luz... E os namorados cansados de namorar... Eles não sabem que a menina tonta tem a cabeça cheia de farelos. Manuel da Fonseca |
Vou à estante desarrumar, destacar, desviar a poesia que incomoda nos livros fechados.
setembro 07, 2006
Poema da Menina Tonta
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1 comentário:
luces en los puentes...
cansada ya de esperar en la oscuridad, y quieres que la puerta pare de girar..?
mejor no caminar por donde suele abundar lo que tiñe, lo que daña...
incluso salir por la ventana, cuando te tocan la puerta, a veces no es tan malo, si te atreves a tocar la puerta también junto al que la toca; para saber en efecto, qué quiere y a quién busca...
frío y suave, cálido y rugoso...
...suena a caldo de ave empalagoso
plumas amarillas, cielo azul, espejo de agua; risas, besos, miradas grises
hay más de donde vine, que de a donde voy...
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Un beso y gracias por mucho más de lo que nunca sabré.
Rafa
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