Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço em que de penetrar-te me senti perdido no ter-te para sempre Quanto de ter-te me possui em tudo o que eu deseje ou veja não pensando em ti no abraço a que me entrego Quanto de entrega é como um rosto aberto, sem olhos e sem boca, só expressão dorida de quem é como a morte Quanto de morte recebi de ti, na pura perda de possuir-te em vão de amor que nos traiu Quanta traição existe em possuir-se a gente sem conhecer que o corpo não conhece mais que o sentir-se noutro Quanto sentir-te e me sentires não foi senão o encontro eterno que nenhuma imagem jamais separará Quanto de separados viveremos noutros esse momento que nos mata para quem não nos seja e só Quanto de solidão é este estar-se em tudo como na ausência indestrutível que nos faz ser um no outro Quanto de ser-se ou se não ser o outro é para sempre a única certeza que nos confina em vida Quanto de vida consumimos pura no horror e na miséria de, possuindo, sermos a terra que outros pisam Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti, recebo gratamente como se recebe não a morte ou a vida, mas a descoberta de nada haver onde um de nós não esteja. Jorge de Sena |
Vou à estante desarrumar, destacar, desviar a poesia que incomoda nos livros fechados.
agosto 24, 2006
Quanto de ti, Amor...
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2 comentários:
Olá Riana! Voltei de férias. Magnífico poema de Jorge de Sena de que guardo...
"Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti,
recebo gratamente como se recebe
não a morte ou a vida, mas a descoberta
de nada haver onde um de nós não esteja."
Se passares pelo campo, clica no selo que diz Amigos e encontrarás uma surpresa. Beijo
Belo poema... Muito obrigado pelos teus comentários no meu blog.
Deixei lá um link para o teu.
Fica bem,
Miguel
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