Percorri-as sem destino, assim.
Evitei-as sem mais e fiquei sem saber de mim.
Marquei ou passei sem rasto.
Pertencer-lhes, não pertencer?
Ser a história, ser espetador?
Olho no olho, não saber que pisar.
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra.
Percorri-as de saltos, fui leve e deixei-me demorar.
Evitei-as, não me permito um deslize e escorregar.
Marquei-as, corri sem nada derrubar, aí apenas um instante estar.
Fiquei, não me trouxe completa.
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra.
Dividi-me em dúvidas, coleções e pertences... passado e futuro.
Partilhei-me e perdi-me.
Evitei e fui a solo, no doce e no duro.
Marquei-as e rasguei-me em presença.
Pertencer-lhes ou não pertencer à cidade?
Ser presente ou inconstante na entrega?
Olho e vejo a beleza, o desgaste, o instante.
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra.
Percorrê-las descalça, sem defesa e de ingénua intensidade.
Não me permito a perfeição, a harmonia.
A minha alma não se regista nessas pedras.
Conquistar, marcar, registar em luta incessante.
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra.
Que histórias permitem essas pedras?