novembro 09, 2022

Que histórias encerram essas pedras? 
Percorri-as sem destino, assim. 
Evitei-as sem mais e fiquei sem saber de mim. 
Marquei ou passei sem rasto.
Pertencer-lhes, não pertencer? 
Ser a história, ser espetador? 
Olho no olho, não saber que pisar. 
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra. 

Percorri-as de saltos, fui leve e deixei-me demorar. 
Evitei-as, não me permito um deslize e escorregar.
Marquei-as, corri sem nada derrubar, aí apenas um instante estar. 
Fiquei, não me trouxe completa. 
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra. 

Dividi-me em dúvidas, coleções e pertences... passado e futuro. 
Partilhei-me e perdi-me. 
Evitei e fui a solo, no doce e no duro. 
Marquei-as e rasguei-me em presença. 
Pertencer-lhes ou não pertencer à cidade? 
Ser presente ou inconstante na entrega?
Olho e vejo a beleza, o desgaste, o instante. 
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra. 

Percorrê-las descalça, sem defesa e de ingénua intensidade. 
Não me permito a perfeição, a harmonia. 
A minha alma não se regista nessas pedras. 
Conquistar, marcar, registar em luta incessante. 
E fico pelo caminho, não as piso, não sou dessas ruas, não sou de pedra. 

Que histórias permitem essas pedras?