janeiro 28, 2007

Noi due

Noi due assieme non abbiamo bisogno
di sogni, né di saghe, leggende, riti,
strumenti ad arco, non abbiamo
bisogno di smalti, stucchi, porcellane,
è nitido il motivo a spirale
dei nostri polpastrelli, il foro
uditivo sormontato da una conchiglia
di carne, che sfiorata con mani
o punta di lingua irradia
ovunque la febbre, il tremore,
il precipizio del sangue, è limpido,
abbagliante il senso dei nostri
organi, è chiaro l’uso del fiato,
della saliva, del dito, delle ombre
che passano nello sguardo, è sicura,
sedativa la profondità dei varchi,
delle gallerie, delle pieghe, è buona
la superficie, la punta, la tinta
dei risvolti, la stoffa e la fodera
delle carni. Su questo altare
la bibbia sono le nostre parole
roche, sfuggite per sbaglio, le nenie
dementi. Qui le divinità, tutte,
tacciono, si spengono attònite,
imparano da noi, spasmo per spasmo,
i nutrimenti terrestri.

Andrea Inglese

janeiro 25, 2007

Luzes e vozes

Colecciono sons, murmúrios, vozes
Colecciono imagens, fotografias, luzes
Embalo-me nas vozes que ecoam
Aconchego-me nas luzes que aquecem
Mesmo que os olhos me doam
Esses mesmos olhos não esquecem
Mesmo que os ouvidos emitam
Zumbidos incómodos que entorpecem
Nada mais perturba meu sono
Nada mais condiciona meu eu
Eu reproduzo todas as vozes
Eu antecipo todas as luzes

adc

janeiro 02, 2007

Sempre para sempre

Há amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor de pele
Há amor tão longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante
Há amor de inverno
Amor de verão
Amor que rouba
Como um ladrão
Há amor passageiro
Amor não amado
Amor que aparece
Amor descartado
Há amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue, bem quente
Há amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca, nunca tocado
Há amor secreto
De cheiro intenso
Amor tão próximo
Amor de incenso
Há amor que mata
Amor que mente
Amor que nada, mas nada
Te faz contente, me faz contente
Há amor tão fraco
Amor não assumido
Amor de quarto
Que faz sentido
Há amor eterno
Sem nunca, talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez
Há amor de certezas
Que não trará dor
Amor que afinal
É amor,
Sem amor
O amor é tudo,
Tudo isto
E nada disto
Para tanta gente
É acabar de maneira igual
E recomeçar
Um amor diferente
Sempre, para sempre
Para sempre

Miguel A. Majer